Um pequeno salto na história
Depois das duas grandes guerras as nações priorizam modos mais estratégicos para captura da vida. A Guerra Fria caricaturou um modo político-econômico de mundo dividido em Capitalismo e Socialismo. O comunismo vem nesse esteio, com ressalvas, seria uma espécie de estágio a ser alcançado por um estado socialista. Atualmente é mais usado como xingamento por gente que não faz a menor ideia do que seja.
Capitalismo e Socialismo reduziram o mundo em dois. A representação dominante colocou do lado do capitalismo coisas como bem, paz, democracia, progresso, liberdade e tantas outras tonalidades de moral que se alinham a um mundo melhor. Por outro lado, o socialismo ficou com o negativo da moral dominante, um mundo pior com ditadura, autoritarismo, mal, tirania, retrocesso, etc. Mais do que dois sistemas políticos, foi a vida em todos os seus âmbitos que ficou dividida entre dois polos.
Conflitos – dos países aos vizinhos do bairro – infindáveis foram feitos a partir desses dois posicionamentos de mundo, direita e esquerda. E ainda hoje esse é o raso da discussão que atravessa os lugares comuns que é também o lugar das tecnomídias de massa.
Na nossa paranoica realidade, pensando em partidos e países, o que sobressalta à esquerda são PT, Cuba e China. Do lado da direita temos PSDB, EUA e os países mais ricos da Europa – se for europeu mas for pobre então vai para o lado dos “comunistas”. É claro que isso é uma divisão bem clássica e simplista. Saibamos que no pacote da esquerda e da direita há uma lógica que esquarteja a vida em um dualismo perverso, tudo ancorado em uma estrutura de pensamento binário que captura o desejo nos dois polos da moral, o positivo e o negativo. E que conforto miserável que é atrofiar o pensamento, não olhar para si mesmo, não folhear livros mas render amores a Datenas, Azevedos, Constantinos, Felicianos, ter um outro para expiar o mal e, sobretudo, acreditar que está sendo inteligente e engajado pelo bem da pátria!
Mas não nos interessa a forma caricaturada de política.
Essas guerras não nos ensinam nada, nem mesmo a vencer nossos medos. Ainda somos homens das cavernas. Homens das cavernas democráticos, mas isso é um consolo muito pequeno. Nossa luta é para sair da caverna. Se fizéssemos o menor esforço nessa direção, inspiraríamos o mundo todo. HENRY MILLER, Pesadelo Refrigerado